domingo, 18 de abril de 2010

A influência grega na ética medieval e suas características

O período da ética medieval é revelado por um conjunto de crenças que adotam concepções teológicas. É marcado pela religiosidade das escolas Patrística e Escolástica. A ética era ditada pela igreja católica que empregava argumentos de Aristóteles e Platão para refazerem seus dogmas para os limites da vida cristã e exaltava o cristianismo evidenciando o relacionamento do homem com Deus como filosofia de vida, tendo o mesmo que submeter-se a Sua perfeita vontade, renunciando a própria e inculcando a idéia de igualdade entre os homens. Afirmava que a vida proveniente do homem não era natural, mas sobrenatural e defendia hipocritamente a igualdade entre homens, independente de sua vida social.

Na escola Patrística (sec. I a VII), uma escola filosófica, destacava-se Santo Agostinho, seguidor de idéias platônicas que pregava a espiritualidade de dois aspectos: o homem é composto de alma e corpo, vive na dicotomia de material e espiritual. Santo Agostinho, com o pensamento apostolado de que é necessário crer para entender - ou seja,quanto mais fé,mais verdade - afirmava que o homem crendo, exercitaria a fé que o levaria a compreensão e o induziria à razão, revelando assim, a prática da verdade. Porém, indo de encontro às idéias de Platão afirmava a individualidade da alma humana na experiência com o mal e a liberdade, e que o amor é a essência da vida moral. Com o surgimento da filosofia Escolástica, (sec.VIII a XIII) destacavam-se os axiomas de São Tomás de Aquino, seguidor dos pensamentos aristotélicos no final da idade média, alegando que a felicidade é decorrente da experiência individual com Deus. Defendeu a contraversão dos pensamentos agostinianos alegando a necessidade de antes compreender. Ou seja, o que nos leva à fé é a razão, o conhecimento nos leva à verdade, a forma de chegar até Deus é através do conhecimento. Afirmava ainda, que fé é efeito da carência humana e a caridade é o que nos aproxima de Deus.
Na época em que vivemos a ética tem sido muito discutida, porém pouco praticada. O âmbito da sociedade atual tem sido o capitalismo, o consumismo e o individualismo.A corrida pelo “ter” tem se sobreposto ao “ser”. E o que dizer da ética em relação à religiosidade?Se antes havia a pressão por uma igreja dominante, hegemônica, hoje, o homem fundamenta a sua fé no que uma igreja pode oferecer, mesmo tendo passado pelo “eu - comigo mesmo”, o que favoreceu a amortização da crença de interposição entre homem e Deus por meio da igreja. Os valores invertidos da sociedade têm instigado o homem à busca de saciar sua carência através de uma religiosidade antagônica.Embora a crença total na divindade suprema ainda persista,o individualismo impera na sociedade e a procura pelo ”meu” se sobrepõe à idéia de “igualdade entre os homens” espargida na época medieval.As virtudes são pouco evidentes entre o ser humano, e o bem e o mal não se discernem um do outro.Os “vícios não recriminados” contribuem para a extinção de um bem comum para um convívio social ,mesmo atuando tão mais intensamente na dicotomia difundida pelas teorias agostinianas.

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