terça-feira, 22 de outubro de 2013

“Preciosa: Uma história de esperança” - Resenha do Filme



O filme, baseado no livro “Push” de Sapphire[i] é dirigido por Lee Daniels (24/12/1959 Filadelphia), foi produzido em 2009 nos Estados Unidos por Sarah Siegel-Magness,Lee Daniels e Gary Magness,é um Drama  que apresenta a vida conturbada de uma adolescente de 16 anos que lida com problemas graves em uma família desestruturada e de poucos recursos financeiros no Harlem, um bairro pequeno de Nova York, EUA.
Clarisse Preciosa Jones (Gabourey Sidibe), é uma adolescente que devido aos tipos de violência frequentes em casa e obesidade, é antissocial e possui uma autoestima muito baixa, e uma imaginação que usa como um refúgio em todos os momentos críticos, sonhando ser uma “popstar”. Preciosa tem dificuldades de aprendizagem aos 16 anos e, por estar grávida do segundo filho - ambos gerados devido aos frequentes abusos sexuais vindos de seu pai - é transferida para outra escola com um grupo de meninas de idade aproximada a sua e gosta da ideia possivelmente por poder estar longe de casa e de sua  mãe (Mo’nique) que, está revoltada por perder a ajuda financeira do governo devida à primeira neta que é portadora de Síndrome de Down, e que sem culpabilidade nenhuma, insiste em lançar sobre a adolescente, palavras de depreciação e xingamentos, sem esconder a frustração de, ao invés dela, o companheiro procurar a filha para satisfazer seus desejos sexuais. Porém, ainda mais a vontade no grupo, e com acompanhamento individual da professora  Blu Rain (Paulla Patton) que a ajuda a exteriorizar seus sentimentos, Clarisse consegue desenvolver uma melhor autoestima além de sua escrita, passa a se reconhecer mais como capaz e planeja a educação do filho, que ameaça nascer enquanto lia uma produção de texto em uma das aulas. Ao voltar do hospital com o filho nos braços, sua mãe tem um acesso de ira lançando a criança e partindo mais uma vez para agredi-la. Isso a impulsiona a fugir de casa e se refugiar no prédio da escola nova até suas colegas, professora e o enfermeiro que fez amizade no hospital, conseguirem um abrigo provisório para ela e o bebê. E se dedica a desenvolver sua aprendizagem, o que a leva a receber um prêmio de alfabetização. Quando tudo parece estar sendo um alívio, uma de suas aulas é interrompida pela secretária. Sua mãe está na escola e informa que o pai morreu por ser portador do vírus HIV e, portanto, Preciosa também é portadora do vírus da AIDS a passa a frequentar uma instituição que apoia crianças e adolescentes que sofrem violência familiar. Sua mãe procura a ajuda da assistente social (Maria Carey) para uma reconciliação que trás revelações dolorosas de que os primeiros abusos do pai foram impulsionados pela própria mãe quando tinha apenas três anos. Mas a adolescente aproveita o momento para pegar sua filha e seguir em frente com sua vida pensando no futuro de seus filhos se desvinculando totalmente se sua mãe.
Este é um filme forte, com cenas que assombram pela gravidade dos fatos. A realidade da “Preciosa” infelizmente é a de muitas crianças, adolescentes e mulheres ainda hoje. O filme nos leva a pensar em como elaboramos os nossos julgamentos em relação aos alunos e alunas retraídos e sem muito envolvimento com os demais e quais as atitudes que tomamos para que estes superem suas dificuldades de aprendizagem e relacionamento. Uma criança ou adolescente que passa por momentos como apresentados, podem viver constantes extremos. Acredito que podem existir aqueles que manifestam sua revolta claramente deixando transbordar com os que estão a sua volta o que recebem em casa, como a personagem fez alguns momentos, e aqueles que se retraem totalmente mostrando apenas a descrença em si mesma, reflexo do que recebem das pessoas responsáveis por agregar valores em casa, local onde achamos, erroneamente, que é o local mais seguro.  O filme nos faz refletir também sobre quais tipos de profissionais da educação queremos ser. No meu ver, de que valeria passar quatro anos em uma universidade e não conseguir intervir no comportamento e desenvolvimento da aprendizagem de um aluno rotulado como “aluno problema”?
Por gostar muito da história (apesar de achar forte) pesquisei sobre o filme e descobri que em 2010 a atriz que fez o papel de mãe da Preciosa (Mo’nique),  conquistou o Oscar de atriz coadjuvante roteiro adaptado, ganhou também o Bafta Film Award (2010) de melhor atriz coadjuvante   e conquistou o Globo de Ouro (2010) de melhor atriz coadjuvante.


[i] Ramona Lofton (nascido em 4 de agosto de 1950), mais conhecido pelo seu pseudônimo Sapphire, é um autor e poeta americano.