quarta-feira, 29 de junho de 2011

A formação do caráter humano





Já dizia Sócrates “conhece-te a ti mesmo”... Até que ponto você se conhece?

Até onde você conhece o outro? Mas como conhecer o outro sem antes se conhecer?

As perguntas comuns –e muitas vezes inconscientes- não são raras, mas, feitas constantemente a nós mesmos: “Como cheguei até aqui?” “Porque sou assim?”

O desenvolvimento de uma pessoa se dá numa construção progressiva em que ocorrem fases onde predominam aspectos afetivos, e cognitivos.

Cada fase tem suas particularidades, depende do ambiente em que vive e estão diretamente ligadas aos hábitos, aos exemplos percebidos pela criança e as oportunidades dispostas para interagir com o espaço que vivem.De acordo com alguns pesquisadores,o ser humano tem cinco estágios de desenvolvimento.Cada qual com sua especificidade. O primeiro, “impulsivo-emocional”, que abrange o primeiro ano de vida, cuja ênfase é a emoção (predomínio afetivo); o “sensório-motor e projetivo”, que vai até o terceiro ano, quando o interesse da criança se volta para a exploração sensório-motora do mundo físico (predomínio cognitivo). O do “personalismo”, que cobre a faixa dos três aos seis anos, cuja tarefa central é o desenvolvimento da personalidade, a construção da consciência de si (predomínio afetivo).

Aos seis anos inicia-se o estágio “categorial”, cuja ênfase recai para os avanços dos progressos intelectuais, dirigindo o interesse da criança para o conhecimento e conquista do mundo exterior (predomínio cognitivo). Por fim, o estágio da adolescência quando a crise pubertária impõe a necessidade de novos contornos da personalidade em função das mudanças corporais, trazendo a tona questões pessoais, morais, existenciais, retomando a predominância da afetividade. Durante todos esses estágios o ser desenvolve comportamentos adecuos às suas etapas. Sabemos que as especificidades vividas por cada criança são a base para a formação de seu caráter e por isso ninguém é igual a ninguém.Devido à interação com o meio ter formado sua personalidade,hábitos condutas etc.

“(...) Pelo contrário, para quem não separa arbitrariamente

comportamento e as condições de existência próprias a cada época do

desenvolvimento, cada fase constitui, entre as possibilidades da

criança e o meio, um sistema de relações que os faz especificarem-se

reciprocamente. O meio não pode ser o mesmo em todas as idades. É

composto por tudo aquilo que possibilita os procedimentos de que

dispõe a criança para obter a satisfação das suas necessidades. Mas

por isso mesmo é o conjunto dos estímulos sobre os quais exerce e se

regula a sua atividade. Cada etapa é ao mesmo tempo um momento da

evolução mental e um tipo de comportamento.” (Wallon, 1995)





A educação que recebi,não é a mesma que meus amigos receberam.Muitas vezes, nem mesmo a que meu irmão mais novo recebeu...Jamais terei a personalidade igual a de outrem.Somos seres únicos e inimitáveis.

O QUE É CARÁTER?

O dicionário Aurélio define caráter como “o conjunto de qualidades (boas ou más) de um indivíduo, e que determinam sua conduta e concepção moral.” A palavra caráter, tem origem grega e caracterizava a marcação em um objeto, usando solidez como o ferro quente ou o talhe em madeira. Ou seja,figura o caráter como algo que aponta uma pessoa, aquilo que a torna inconfundível. É o caráter que torna possível prever as ações e atitudes de uma pessoa. Sabemos o que esperar de uma pessoa quando o conhecemos. O caráter mora na vontade de cada pessoa. No adulto é relativo, pois, ao mesmo tempo em que é variável, é bem resistente a mudanças.

Caráter é o que define a nossa moral. Podemos ter um caráter bem formado, ou não. O caráter perfeitamente formado nos dá firmeza moral, para agir de forma justa mesmo em situações adversas; ele nos faz dizer a verdade mesmo quando não convém; nos encoraja para superar os castigos mesmo sem acreditar que os merecemos; nos permite ser pessoas equilibradas capazes de dominar nossas reações e impulsos para agir pela razão mas também sabiamente com o coração.

A pessoa sem um caráter bem formado é de fácil manuseio. Se deixa influenciar por coisa vã vindas de qualquer um. Quem não tem caráter,não tem convicção própria,não resiste a tentações,e por causa de sua fraqueza está sempre buscando se justificar sem argumentos válidos,com desculpas e sobrevive a socialização custe o que custar,mesmo que seja preciso ser desonesto,injusto,violento.Porém não é assim por escolha própria.

Como o caráter é formado?

A criança nasce sem caráter e vai formando, moldando ao longo de sua vida, como foi descrito anteriormente, de acordo com as experiências e à interação com outros e a partir da resposta interna da criança. Todos nós precisamos pensar refletir e decidir que opção decisiva temos diante de qualquer situação.

A maneira como fomos disciplinados/educados pode ter favorecido ou prejudicado nosso caráter. Se quando uma criança erra agimos severamente, com gritos e xingamentos, ela pode sentir-se ameaçada, temendo pela própria vida; ou pode ignorar uma parte do que você disse, porque percebe que você se alterou. Isso terá um grande impacto nas reações e até quando for um adulto completo,quando errar, ou não conseguir atingir um objetivo, ela sentirá medo, frustração, indiferença, o que atrapalhará muito por impedir que tente sempre começar algo com medo de não conseguir. Se quando você era criança e fazia algo que não fosse correto,seus pais o corrigiam com paciência explicando o motivo de não poder fazê-lo,é provável que você tenha se tornado um jovem não só educado,mas que não tenha medo de errar. Caso não. Não se preocupe. Você pode com essas aulas mudar seus conceitos.

Quem influenciou mais na formação do seu caráter?

Sabemos que nossa personalidade e a formação do nosso caráter foram principalmente influenciadas pelo meio em que crescemos, mas isso, devido às respostas internas que demos a cada situação que vivemos. Porém somos seres em constante transformação, estamos - e devemos estar - sempre renovando nossos conceitos. Se demos respostas irrefletidas quando criança, que nos trouxeram para onde estamos e não estamos satisfeitos, hoje,com essa consciência, podemos mudar totalmente nossa realidade.
Vamos fazer um exercício?




Observe a figura abaixo. O centro representa o número zero e em suas extremidades o número 10. A cada pergunta que você ler, marcará um pontinho na seta correspondente dando nota de 0 a 10 para como está cada área de sua vida. Seja honesto (a) com você mesmo (a).

1. Que nota você dá para o tempo que dedica aos seus amigos e colegas?




2. Que nota você dá para o tempo que dedica a pessoa amada?


3. Que nota você dá para o tempo que dedica a sua família?


4. Que nota você dá para o tempo que dedica a sua formação/capacitação?


5. Que nota você dá para o tempo que dedica a sua saúde/estética?


6. Que nota você dá para o tempo que dedica a sua espiritualidade?


7. Que nota você dá para o tempo que dedica ao cuidado com seus bens materiais?


8. Que nota você dá para o tempo que dedica ao...? (acrescente algo pessoal)




Após marcar todas as setas avaliando as áreas,faça uma linha ligando os pontinhos começando pela seta nº 1 até a nº 8 e observe o que formou.

Essa avaliação chama-se “Roda da vida”. Se você não formou pelo menos uma figura oval,após ligar seus pontos, precisa muito rever seus conceitos quanto ao tempo que dedica para sua qualidade de vida. Quanto mais pontas mais necessidade de atenção.

Após refletirmos sobre o que é o caráter, como ele é formado, e como anda nossa vida,identificamos algumas frentes de ação:

 Trabalhar para transformar o meio, o que envolve as áreas mais precárias que causaram irregularidades na roda da sua vida.

 É necessário criar uma interligação do externo com o interno, ou seja entre você,suas emoções e personalidade e o mundo a sua volta.

 Organize seus dias,distribua seu tempo para a próxima vez que fizer este exercício forme realmente um círculo equilibrado.

 Trabalhe valores, como respeito mútuo, gratidão e sinceridade,e pratique-os, lembrando que se praticados uma , duas ou três vezes, eles se tornarão hábitos que moldarão seu caráter e levará você a uma convivência saudável em qualquer lugar.











“Um pensamento gera um ato.O ato vira um hábito e o hábito molda o caráter.”

(Autor desconhecido)
















































































terça-feira, 14 de junho de 2011

A pedagogia da Autonomia - Paulo Freire


Freire,Paulo.1996.Pedagogia da Autonomia .Ed. Paz e Terra.São Paulo-pag.1-146


O objetivo de Freire neste livro é discutir a prática educativa progressista, abordando temas indispensáveis para o exercício docente na formação do educando.

O autor detalha que não há como você ser um bom professor se não for um bom aluno. Ele destaca que só educa quem se deixa educar criando situações para que a formação aconteça. Deve ser uma constante no educador habituar-se a desenvolver um olhar crítico do mundo e levar o educando a mesma prática. Acontecimento certo quando há envolvimento com a formação. Quando pesquiso,quando questiono,indago inquietamente para investigar o novo, me aprofundo na teoria não para criticar,mas absorver, para que em sala de aula, na vida real do educando seja capaz de gerar pensamentos,relações e reflexões sobre essa realidade,respeitando seu conhecimento prévio gerado por sua correlação com o mundo a sua volta.Pensar e fazer andam juntos.São práticas indissociáveis. Paulo Freire deixa claro que o que faço define quem eu sou, e, se me deixo levar pelas ideologias,me esquivo do pensar certo,rejeitando o novo e vivendo por sistemas de idéias possivelmente errôneas.É mister deixar que o educando em sua curiosidade ingênua,gerada de suas vivências, se supere indo à epistemológica,levando o educando a se   transformar e modificar o mundo a sua volta.Mesmo com uma rigorosidade metódica na inquietação indagadora da criticidade. Somos seres inacabados, portanto não detemos verdade absoluta. Porém,embora quebremos paradigmas,criamos outros para possivelmente serem rompidos.Se a escola não tiver a consciência do ser inacabado,passamos a taxar uns aos outros,como se fossemos perfeitos em nós mesmos.Podemos nos recriar,nos renovar.Nossa cultura predetermina o que devemos ser,mas não significa que devemos nos condicionar ao que nos é imposto.Desconstruo  meu legado para produzir outros condicionamentos e posteriormente os superá-los.

Diante disso, Freire destaca a importância de um educador buscar sua formação com qualidade. Um professor sem aprofundamento profissional não consegue ter domínio de sala, nem autoridade. Por isso a necessidade do equilíbrio entre autoridade de professor e liberdade de educandos.Contudo, torna-se necessário desenvolver o respeito mutuo para a formação do saber através da autonomia da responsabilidade por decisões tomadas por si mesmos. Freire aposta que se o aluno exercita sua liberdade autônoma é capaz de dentro do ambiente discernir a prática da teoria.O que obriga o educador a realmente se envolver com o que quer formar determinando ser impossível passar desapercebido diante da turma.O ensino tem de ser coerente com sua vivência.O ofício do educador é eficaz quando leva o aluno a ser sujeito de sua história ,quando inevitavelmente transforma seu mundo.Não se deixando “miopizar” nem se amaciar aceitando “pegar o trem pelo caminho” sem questionar de onde ele veio nem interferir para onde ele pode ir.
A realidade hoje é diferente das idéias de Freire. Mesmo o livro sendo repetitivo, é possível associar encaixando o perfil de escolas que se acomodam com conteúdos ultrapassados não se adaptando à realidade tecnológica.Muitos professores contribuem simplesmente para o equivoco de deixar como está,não se preparam,não se reciclam,vendo o educando somente como objeto de trabalho.A esperança do autor é contagiante e nos leva a realmente acreditar na mudança pedagógica da educação do país.



Experiência e Educação - Jhon Dewey

Dewey,John.Experiência e Educação.Ed.Vozes.São Paulo.2010

(Capítulos 1 a 8 )


Os objetivos de Jhon Dewey neste livro é avaliar os métodos usados em escolas tradicionais e escolas progressistas mostrando as diferenças entre ambas.

No livro Educação e experiência, o autor John Dewey faz uma crítica aos métodos tradicionais de ensino mostrando que a educação de cima para baixo limita a aprendizagem pela ausência de sua idéia de pragmatismo,em que para se obter\repassar uma conhecimento eficaz torna-se necessário a participação do educando em seu processo de desenvolvimento .O que não acontece quando se tem a idéia de que o professor é o único detentor do saber. Dewey expõe sua teoria afirmando também que é impossível não aprender se não houver a experiência.Porém experiência pode educar e deseducar .A experiência que educa é a que o educador motivado por sua renovação de verdades, envolve emocionalmente seus educandos no conteúdo.Ao ponto de viverem o que estão aprendendo, aprenderem melhor através de suas vivencias, e, assim ,motivá-los,deixando-os envolvidos, instigando-os ainda mais a buscar renovação de conhecimento. Pratica impossível quando não há um envolvimento entre educador e educando,trazendo experiências que impedem a continuidade ao conhecimento,quando os métodos mais inibem a criatividade da criança que desenvolvem o interesse.O Dr. Dewey, cita a liberdade assistida como forma de aprender aplicando o livre-arbítrio de espaço e autonomia no desenrolar da interdisciplinaridade prática, em que, através da envoltura de seus educandos com atividade proposta, o educador obtém o domínio do ambiente educativo.Sem imposições ou regras extremas de comportamento. Para tanto, torna-se necessária haver um propósito para aprender. Ter uma noção do porque é preciso observando sua realidade e onde se pretende chegar. Nos capítulos podemos perceber ainda a importância de estarmos desligados a verdades preestabelecidas. Principalmente quando se trata de desenvolver a aprendizagem cognitiva ou social de um indivíduo. Mesmo a educação tradicional sendo obsoleta em que já mesmo no rótulo dados de aluno aos “passivos de aprendizagem” em que significa sem conhecimento,não por sua vez totalmente descartável.Porém,sem experiência não há aprendizado eficaz.

O que é mais fácil: segurarmos verdades herdadas repassando a indivíduos mudos e passivos e continuarmos no comodismo de uma educação bancária de forma vertical,ou pesquisarmos a fundo formas de envolve-los no conteúdo empenhando-nos a renovar nossas idéias de ensino, elaborando conteúdos dinâmicos que leve as crianças a serem sujeitos de sua próprias história, ao ponto de perceberem que não há como seguir sem romper um pouco mais a sua curiosidade?

O que mais nos motiva a estudar sobre as idéias do autor é que ele nos lembra que é possível haver liberdade com disciplina. Que podemos desenvolver atividades com domínio do ambiente e coordenação de conteúdos do currículo, baseados na continuidade da vivencia passiva e ativa do educando que intera-se com o outro, somando e dividindo informações por meio das práticas pessoais, embora ainda estejamos num sistema arcaico de educaç