sábado, 12 de junho de 2010

LIVRO DE PEDRO DEMO Sociologia da Educação:Sociedade e suas oportunidade


FICHAMENTO DO CAPÍTULO 6 "ALGUNS TEMAS RELEVANTES"

DEMO, Pedro. Sociologia da Educação:Sociedade e suas oportunidade.Brasília. Plano Editora, 2004

Idéia central do autor :
Destacar temas sociológicos tratando estratégias educacionais para situações que possibilitem um bom desenvolvimento social.


Argumentos do autor :

EDUCAÇÃO E CIBERESPAÇO:
• Computadores como motivação para intensificação de conhecimento levando em conta seu uso satisfatório;
• Cada vez mais se torna possível relacionar-se com as mesmas emoções e cumprir tarefas de forma virtual que antes eram impossíveis, porém, o aprendizado só é possível de forma presencial;
• É impossível hoje viver sem a tecnologia, no entanto, o desafio do educador é recriar uma educação que venha habilitar para o uso adequado desses recursos tecnológicos desde sua criação, haja vista que as formas atuais destacam mais a fixação de um conteúdo que a maneira pela qual ele está sendo aplicado.

EDUCAÇÃO VIOLÊNCIA E DIREITOS HUMANOS
• A violência intensificada pelos “criminosos inteligentes” equipados tecnologicamente de forma a se fortalecer financeiramente ao ponto de corromper o Estado, formando bases capazes de manter o controle mesmo de dentro dos presídios, que pela corrupção do sistema se desencadeiam em escolas de banditismo;
• A violência independe da classe social do indivíduo. Os mais favorecidos financeiramente agem com uma certa violência quando desobstruem os direitos dos mais pobres quando abrindo brechas na lei usam de subterfúgios e impedem os mais pobres de usufruir de direitos adquiridos com o pagamento de impostos.
• Violência educada usada em disputas por vagas de empregos ou imposição (ou não) de ideologias, que incentivam a rebeldia contra o sistema.

INDISCIPLINA E NOVAS GERAÇÕES:
• Liberdade sem equilíbrio de não se cumprir regras como causa de indisciplina dessa nova geração;
• Abuso de direitos atualmente criados a essa nova geração a torna cada vez mais diferentes das anteriores;
• Necessidade de uma reestruturação da educação para que uma motivação maior de estudantes ao conhecimento cabe aos professores que indiretamente são desmotivadores;
• O lúdico infantil pode ser um meio de inovação para motivar;
• Minha liberdade é baseada na liberdade do outro para uma bem comum;

EDUCAÇÃO, PAZ E SOLIDADRIEDADE:
• Ser solidário tem se tornado status, mas é visto intrinsecamente que a intenção é puramente de promover-se sem intenção verdadeira de transformação de circunstância;
• Necessidade de solidariedade na educação para uma boa qualidade essa relação pode ser vista na educação do trânsito;
• Antagonismo entre solidariedade e fundamentalismo árabe ou norte-americano;

EDUCAÇÃO PROFISSIONAL
• Uma educação não pode ser voltada para o capitalismo;
• O neoliberalismo opta por pessoas que criem sem argüir embora isso seja uma realidade utópica,
• A emoção tem sido forma de induzir o trabalhador a uma educação profissional limitada que propende a empresários o lucro e ao poder público marketing. Mesmo tendo gerado benefícios, paralelamente não se facilita a produção sem trabalho árduo.
• Com a criação da LDB a educação profissional passou a ser vista como meio para alcançar uma cidadania, adquirir visão política e renovação de conhecimento.

EDUCAÇÃO AMBIENTAL
• Somente a ameaça à nossa existência nos alertou da atual situação de destruição do planeta;
• Conscientização de ética ambiental dentro do cotidiano de cada indivíduo;
• A educação ambiental nas escolas desperta a visão de que os recursos naturais não são privados, mas bens comum à humanidade;
• O capitalismo impede o desenvolvimento sustentável que já é visto como a alternativa de desenvolvimento já que por ser predatório impediria a sustentabilidade;
• A destruição do planeta é reflexo da ganância egoísta do capitalismo pelo desenvolvimento;

EDUCAÇÃO SEXUAL
• Educação sexual natural pode ser vista como violenta desvantajosa às mulheres;
• A sociedade machista desperta um bloqueio na educação sexual tornando-a suja e aparentemente perigosa;
• Mudança em conceitos como virgindade, profissões antes exclusivas de homens, trazem mudanças à sociedade atual, a mulher deixa de ser vista como objeto de uso masculino e atua eficazmente no desenvolvimento social;
• Educar sexualmente sem moralismos para quebra paradigmas e obstruir a mente levando ao reconhecimento de que sexo é algo natural e necessário.
• Educação sexual não tendenciosa e diária para coibir a impostura. Com isso,possivelmente poderia se impedir a amplitude de sujeira causada pelo desejo do proibido trazendo consciência igualitária se sexos e além de informar formar para algo puro;

EDUCAÇÃO E MULTICULTURALIDADE
• Multiculturalidade opõe-se ao a divisão do eurocentrismo;
• Não existem culturas superiores;
• Educação que reforce sua cultura, porém que oriente sobre outra conservando suas raízes culturais;
• Respeitar a diversidade de cultural da nação;
• Modificações culturais são necessárias para se manterem ou desaparecem;
• Valorizar a linguagem própria de cada tipo de população com equilíbrio para que não haja equívocos educacionais;


EDUCAÇÃO E ÉTICA:
• Ética é manter comportamentos e atitudes que moralmente não interfiram na convivência alheia;
• A educação embora se fundamente criar sujeitos que criem sua própria história prepara para o coletivo;
• O aluno que apenas sabe obedecer não tem personalidade;
• Cabe ao educador manter o equilíbrio entre formar um cidadão crítico com pensamento próprio, porém que viva por um bem comum;
• Faz parte de a ética respeitar as diferenças de forma individual em sala de aula;
• Aprender a viver e conviver democraticamente entre si;

Conclusão do  autor:
 Se os profissionais da educação não forem habilitados a dar vida aos meios tecnológicos que podem contribuir ao ensino desde sua formação profissional, não passarão de instrumentos debilizadores sem vida pedagógica, pois equivalentemente contém informações que contribuem ao conhecimento e informações fúteis induzíveis ao erro;
• É necessário contextualizar a violência e combatê-la de forma que para isso não seja preciso usá-la.
• Há uma probabilidade de que a debilidade dos alunos seja um reflexo de nossa impotência em métodos inovadores.
• É indispensável à naturalidade em haver paz e democracia para uma convivência, porém torna-se necessária a rebeldia para realização de ideais mais humanos.
• Educação com autoridade, porém sem autoritarismo.
• Dar prioridade a uma educação que leve o aluno a questionar se o desenvolvimento desenfreado é viável ao planeta, lavá-lo a criar uma consciência sem moralismos, reconstruindo politicamente à realidade de forma que seja possível conviver comumente para um progresso sem destruição de recursos naturais.
• Por vivermos em uma sociedade erotizada cabe aos educadores prepararem-se adequadamente para uma educação sexual sem mitos ou tabus considerando o ambiente propício de convívio aos adolescentes.
• Criar uma educação que imponha sua particularidade que não se anule e sem fundamentalismo de homogeneização.
• É fundamental convencer sem vencer.


Apreciação
É clara a necessidade de uma reestruturação educacional. Na sociedade em que vivemos passamos por situações que exigem uma reciclagem.Valores e conceitos são deixados para trás enquanto a busca desenfreada pelo conhecimento trás um progresso dicotômico.
A educação é peça fundamental na construção do pensamento ético e crítico da cada indivíduo, não só com o intuito de levá-lo a conhecer o meio em que vive, mas de atravéz de seus limites darem continuidade a sua existência acima de tudo sem o risco de destruir-se e ao outro.


Émile Durkheim - O QUE É UM FATO SOCIAL?

Do livro: As regras do Método Sociológico.

Antes de procurar qual método convém ao estudo dos fatos sociais, importa saber
quais fatos chamamos assim. A questão é ainda mais necessária porque se utiliza
essa qualificação sem muita precisão. Ela é empregada correntemente para
designar mais ou menos todos os fenômenos que se dão no interior da sociedade,
por menos que apresentem, com uma certa generalidade, algum interesse social.

Mas, dessa maneira, não há, por assim dizer, acontecimentos humanos que não
possam ser chamados sociais. Todo indivíduo come, bebe, dorme, raciocina, e a
sociedade tem todo o interesse em que essas funções se exerçam regularmente.
Portanto, se esses fatos fossem sociais, a sociologia não teria objeto próprio, e
seu domínio se confundiria com o da biologia e da psicologia. Mas, na realidade,
há em toda sociedade um grupo determinado de fenômenos que se distinguem
por caracteres definidos da queles que as outras ciências da natureza estudam.
Quando desempenho minha tarefa de irmão, de marido ou de cidadão, quando
executo os compromissos que assumi, eu cumpro deveres que estão definidos,
fora de mim e de meus atos, no direito e nos costumes. Ainda que eles estejam de
acordo com meus sentimentos próprios e que eu sinta interiormente a realidade
deles, esta não deixa de ser objetiva; pois não fui eu que os fiz, mas os recebi pela
educação. Aliás, quantas vezes não nos ocorre ignorarmos o detalhe das
obrigações que nos incumbem e precisarmos, para conhecê-las, consultar o
Código e seus intérpretes autorizados! Do mesmo modo, as crenças e as práticas
de sua vida religiosa, o fiel as encontrou inteiramente prontas ao nascer; se elas
existiam antes dele, é que existem fora dele. O sistema de signos de que me sirvo
para exprimir meu pensamento, o sistema de moedas que emprego para pagar
minhas dívidas, os instrumentos de crédito que utilizo em minhas relações
comerciais, as práticas observadas em minha profissão, etc. funcionam
independentemente do uso que faço deles. Que se tomem um a um todos os
membros de que é composta a sociedade; o que precede poderá ser repetido a
propósito de cada um deles. Eis aí, portanto, maneiras de agir, de pensar e de
sentir que apresentam essa notável propriedade de existirem fora das
consciências individuais.

Esses tipos de conduta ou de pensamento não apenas são exteriores ao
indivíduo, como também são dotados de uma força imperativa e coercitiva em
virtude da qual se impõem a ele, quer ele queira, quer não. Certamente, quando
me conformo voluntariamente a ela, essa coerção não se faz ou pouco se faz
sentir, sendo inútil. Nem por isso ela deixa de ser um caráter intrínseco desses
fatos, e a prova disso é que ela sê afirma tão logo tento resistir. Se tento violar as
regras do direito, elas reagem contra mim para impedir meu ato, se estiver em
tempo, ou para anulá-lo e restabelecê-lo em sua forma normal, se tiver sido
efetuado e for reparável, ou para fazer com que eu o expie, se não puder ser
reparado de outro modo. Em se tratando de máximas puramente morais, a
consciência pública reprime todo ato que as ofenda através da vigilância que
exerce sobre a conduta dos cidadãos e das penas especiais de que dispõe. Em
outros casos, a coerção é menos violenta, mas não deixa de existir. Se não me
submeto às convenções do mundo, se, ao vestir-me, não levo em conta os
costumes observados em meu país e em minha classe, o riso que provoco, o
afastamento em relação a mim produzem, embora de maneira mais atenuada, os
mesmos efeitos que uma pena propriamente dita. Ademais, a coerção, mesmo
sendo apenas indireta, continua sendo eficaz. Não sou obrigado a falar francês
com meus compatriotas, nem a empregar as moedas legais; mas é impossível agir
de outro modo. Se eu quisesse escapar a essa necessidade, minha tentativa
fracassaria miseravelmente. Industrial, nada me proíbe de trabalhar com
procedimentos e métodos do século passado; mas, se o fizer, é certo que me
arruinarei. Ainda que, de fato, eu possa libertar-me dessas regras e violá-las com
sucesso, isso jamais ocorre sem que eu seja obrigado a lutar contra elas. E ainda
que elas sejam finalmente vencidas, demonstram suficientemente sua força
coercitiva pela resistência que opõem. Não há inovador, mesmo afortunado, cujos
empreendimentos não venham a deparar com oposições desse tipo.
Eis portanto uma ordem de fatos que apresentam características muito especiais:
consistem em maneiras de agir, de pensar e de sentir, exteriores ao indivíduo, e
que são dotadas de um poder de coerção em virtude do qual esses fatos se
impõem a ele. Por conseguinte, eles não poderiam se confundir com os
fenômenos orgânicos, já que consistem em representações e em ações; nem com
os fenômenos psíquicos, os quais só têm existência na consciência individual e
através dela. Esses fatos constituem, portanto uma espécie nova, e é a eles que
deve ser dada e reservada a qualificação de sociais. Essa qualificação lhes
convém; pois é claro que, não tendo o indivíduo por substrato, eles não podem ter
outro senão a sociedade, seja a sociedade política em seu conjunto, seja um dos
grupos parciais que ela encerra: confissões religiosas, escolas políticas, literárias,
corporações profissionais, etc. Por outro lado, é a eles só que ela convém; pois a
palavra social só tem sentido definido com a condição de designar unicamente
fenômenos que não se incluem em nenhuma das categorias de fatos já
constituídos e denominados. Eles são, portanto o domínio próprio da sociologia. É
verdade que a palavra coerção, pela qual os definimos, pode vir a assustar os
zelosos defensores de um individualismo absoluto. Como estes professam que o
indivíduo é perfeitamente autônomo, julgam que o diminuímos sempre que
mostramos que ele não depende apenas de si mesmo. Sendo hoje incontestável,
porém, que a maior parte de nossas idéias e de nossas tendências não é
elaborada por nós, mas nos vem de fora, elas só podem penetrar em nós
impondo-se; eis tudo o que significa nossa definição. Sabe-se, aliás, que nem toda
coerção social exclui necessariamente a personalidade individual.