terça-feira, 30 de março de 2010

Causas do analfabetismo em jovens e adultos e as principais dificuldades enfrentadas na busca pelo letramento.

O objetivo dessa nota é mostrar alguns passos de uma pesquisa em andamento, cuja principal questão é identificar as causas do analfabetismo em jovens e adultos e as dificuldades enfrentadas pelos mesmos enquanto educandos. Para tanto se fez necessário buscar nos alunos do projeto AlfaSol (Alfabetização Solidária,e Alfabetização Cidadã da Extensão da Universidade Católica de Brasília) em Ceilândia, em parceria com o projeto EDUCS (Educação para a Cidadania e Segurança) da Polícia Militar do DF que funciona na 2ª CIA do 8º BPM em Ceilândia-DF, a resposta para este questionamento. Foram acompanhadas duas turmas, uma de vinte, e outra de dez alunos, com idades entre 18 e 79 anos.
A pesquisa, além de auxiliar o professor a entender melhor o aluno, o levará a desenvolver maneiras de alfabetizá-lo, usando o contexto da vida do mesmo, para uma melhor aprendizagem, e por conseguinte, demonstrar que a realidade vivida pelos adultos não letrados, em sua infância, é a mesma de muitas crianças e adolescentes ainda hoje no Brasil, onde, segundo as últimas pesquisas, atualmente existem mais de 14,1 milhões de analfabetos, e é visto como o país com maior número absoluto de adultos que não lêem nem escrevem na América Latina. A maioria dos alfabetizandos entrevistados é nordestina e carente financeiramente. Por isso, é bem difícil conseguir a conscientização dos responsáveis pelas políticas públicas de que esse é um problema social de nível nacional que pode ser possível resolver. O que na verdade, não deveria ser visto como um peso sobre os ombros dos governantes, haja vista que quando se investe na educação de um indivíduo, cultiva-se um caminho para a melhoria da sociedade e está automaticamente sendo plantada a semente de um ser capaz de desenvolver a possibilidade de crescimento social e econômico da própria nação. Contudo, os problemas na erradicação dessa catástrofe na educação do país, vão além do descaso visível dos responsáveis pela diminuição desses índices. Temos que enfrentar outros obstáculos, como o preconceito pelo ato de freqüentar as salas de aula já em idade adulta. Esse preconceito origina-se na maioria dos casos, das próprias famílias. Alunos com idade acima de 16 anos têm sofrido com a ridicularizarão por estarem em uma sala de aula com “velhos”, e aqueles com mais idade, ao mesmo tempo em que sofrem com a limitação física causada pela idade e desgaste mental, são desacreditados quanto a possibilidade de ainda aprender algo. Ao enfrentarmos esses entraves, percebemos que só a preparação para a leitura e escrita da palavra é insuficiente, sendo necessária a educação psicológica desses alunos. O desenvolvimento como ser humano individual, a conscientização de que são sujeitos capazes de criar e modificar sua realidade e a dos que com eles convivem. O trabalho em sala de aula tem que ir portas a fora, convencendo-os de que podem se tornar cidadãos críticos, com pensamento e visão própria, sem que seja necessário que alguém pense ou fale por eles. O desafio é torná-los parte da sociedade, prontos para lerem também as entrelinhas da vida.

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