O filme, baseado no
livro “Push” de Sapphire[i] é
dirigido por Lee Daniels (24/12/1959 Filadelphia), foi produzido em 2009 nos
Estados Unidos por Sarah Siegel-Magness,Lee Daniels e Gary Magness,é um
Drama que apresenta a vida conturbada de uma adolescente de 16 anos que lida
com problemas graves em uma família desestruturada e de poucos recursos financeiros
no Harlem, um bairro pequeno de Nova York, EUA.
Clarisse Preciosa Jones
(Gabourey Sidibe), é uma adolescente que devido aos tipos de violência
frequentes em casa e obesidade, é antissocial e possui uma autoestima muito
baixa, e uma imaginação que usa como um refúgio em todos os momentos críticos,
sonhando ser uma “popstar”. Preciosa tem dificuldades de aprendizagem aos 16
anos e, por estar grávida do segundo filho - ambos gerados devido aos
frequentes abusos sexuais vindos de seu pai - é transferida para outra escola
com um grupo de meninas de idade aproximada a sua e gosta da ideia
possivelmente por poder estar longe de casa e de sua mãe (Mo’nique) que, está revoltada por perder
a ajuda financeira do governo devida à primeira neta que é portadora de
Síndrome de Down, e que sem culpabilidade nenhuma, insiste em lançar sobre a
adolescente, palavras de depreciação e xingamentos, sem esconder a frustração
de, ao invés dela, o companheiro procurar a filha para satisfazer seus desejos
sexuais. Porém, ainda mais a vontade no grupo, e com acompanhamento individual
da professora Blu Rain (Paulla Patton)
que a ajuda a exteriorizar seus sentimentos, Clarisse consegue desenvolver uma
melhor autoestima além de sua escrita, passa a se reconhecer mais como capaz e planeja
a educação do filho, que ameaça nascer enquanto lia uma produção de texto em
uma das aulas. Ao voltar do hospital com o filho nos braços, sua mãe tem um acesso
de ira lançando a criança e partindo mais uma vez para agredi-la. Isso a
impulsiona a fugir de casa e se refugiar no prédio da escola nova até suas
colegas, professora e o enfermeiro que fez amizade no hospital, conseguirem um
abrigo provisório para ela e o bebê. E se dedica a desenvolver sua
aprendizagem, o que a leva a receber um prêmio de alfabetização. Quando tudo
parece estar sendo um alívio, uma de suas aulas é interrompida pela secretária.
Sua mãe está na escola e informa que o pai morreu por ser portador do vírus HIV
e, portanto, Preciosa também é portadora do vírus da AIDS a passa a frequentar
uma instituição que apoia crianças e adolescentes que sofrem violência
familiar. Sua mãe procura a ajuda da assistente social (Maria Carey) para uma
reconciliação que trás revelações dolorosas de que os primeiros abusos do pai foram
impulsionados pela própria mãe quando tinha apenas três anos. Mas a adolescente
aproveita o momento para pegar sua filha e seguir em frente com sua vida
pensando no futuro de seus filhos se desvinculando totalmente se sua mãe.
Este é um filme forte, com
cenas que assombram pela gravidade dos fatos. A realidade da “Preciosa”
infelizmente é a de muitas crianças, adolescentes e mulheres ainda hoje. O
filme nos leva a pensar em como elaboramos os nossos julgamentos em relação aos
alunos e alunas retraídos e sem muito envolvimento com os demais e quais as
atitudes que tomamos para que estes superem suas dificuldades de aprendizagem e
relacionamento. Uma criança ou adolescente que passa por momentos como
apresentados, podem viver constantes extremos. Acredito que podem existir
aqueles que manifestam sua revolta claramente deixando transbordar com os que
estão a sua volta o que recebem em casa, como a personagem fez alguns momentos,
e aqueles que se retraem totalmente mostrando apenas a descrença em si mesma, reflexo
do que recebem das pessoas responsáveis por agregar valores em casa, local onde
achamos, erroneamente, que é o local mais seguro. O filme nos faz refletir também sobre quais
tipos de profissionais da educação queremos ser. No meu ver, de que valeria
passar quatro anos em uma universidade e não conseguir intervir no
comportamento e desenvolvimento da aprendizagem de um aluno rotulado como “aluno
problema”?
Por gostar muito da
história (apesar de achar forte) pesquisei sobre o filme e descobri que em 2010
a atriz que fez o papel de mãe da Preciosa (Mo’nique), conquistou o Oscar de atriz coadjuvante
roteiro adaptado, ganhou também o Bafta Film Award (2010) de melhor atriz
coadjuvante e conquistou o Globo de Ouro (2010) de melhor atriz
coadjuvante.
[i] Ramona Lofton (nascido em 4 de
agosto de 1950), mais conhecido pelo seu pseudônimo Sapphire, é um autor e
poeta americano.